segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Primeiro Desejo - Segurança

"Temos de descobrir segurança dentro de nós próprios. Durante o curto espaço de tempo da nossa vida precisamos encontrar o nosso próprio critério de relações com a existência em que participamos tão transitoriamente." - Boris Pasternak
Antes de mais nada, deixo claro que não existe hierarquia entres essas raízes, portanto nenhuma é mais importante que a outra.

A primeira raiz de nossos desejos é a segurança. Essa que vem desde os primórdios da humanidade e ainda guia muitos dos nossos pensamentos direta ou indiretamente. 

Ela não está só presente diretamente nos nossos anseios de nos proteger fisicamente de danos externos, mas também em nossos anseios emocionais muito mais recorrentes em nossas vidas.

Não é necessário falar do desejo de segurança física, pois é muito simples. Falarei sobre nossa segurança emocional, que é um pouco mais complexa.

Nossa necessidade de segurança emocional surge pelo medo de uma gama extensa de fatores e esses riscos podem ser gerados por outras pessoas, pela nossa interação com a sociedade e até, por muitas vezes, de nós mesmos. Temos medo de que outras pessoas nos machuquem, seja de forma espontânea ou como reação à nossas ações ou de outra pessoa e quando ocorre uma lesão aos nossos sentimentos ou idéias, não raro nos fechamos, sendo que a intensidade de se fechar acaba definindo nossa maturidade, variando de se fechar em um casulo de desconfiança e medo até a ignorância quanto ao que se pode aprender com o cenário.

As ações danosas que acontecem de forma espontânea pelas pessoas é menos comum e, talvez, a menos danosa, pois, por muitas vezes, temos uma idéia do que esperar da pessoa em questão, mas a situação se torna complexa quando a ação danosa vem da interação social ou de nós mesmos.

A sociedade, como disse anteriormente, nos impõe uma gama extensa de comportamento e padrões de ações, sendo que muitos desses comportamento são logicamente justificáveis e outro, por vezes a maior parte, completamente irracionais e algumas vezes originalmente traiçoeiros. Muitos dos padrões irracionalmente impostos nos ferem quando opostos ao nosso ser original, à nossas caraterísticas individuais que não são danosas à ninguém e assim, com a ocorrência do dano, nos fechamos e assumimos posturar e comportamentos que não são nossos, assumimos as famosas máscaras para nos protegermos das críticas.

Apesar desta interação social já ser complexa, o cenário do dano à nossa integridade emocional e ideal feita por nós mesmos é ainda mais complexa. Pensamos inicialmente que os danos autoinfligidos vem diretamente de nós (como se olhássemos ao espelho e ofendêssemos o reflexo), mas refletirmos mais nesse ponto, podemos ver que nos machucamos muitas vezes pelo que fazemos ao próximo, seja pela culpa que sentimos, seja pelas ofensas proferidas que retornam.

Somos os autores de nossos próprios medos e somos responsáveis por nossa própria segurança. Não há terreno mais seguro do que a verdade, o fato. Admitir nossos erros, nossos defeitos, nossas falhas é doloroso, mas satisfaz muito bem nosso anseio pela segurança e nos faz amadurecer e encarar nossos problemas e os problemas que nos cercam de forma mais racional e eficaz.

Assim entramos em um aparente paradoxo, pois temos que machucar nosso ego, criticar nossa imagem questionando a origem dela, para que assim possamos evitar as dores que vem de nós mesmos. O paradoxo é aparente, pois o dano autoinfligido é análogo à cortar as unhas ou frequentar academia para ter uma saúde melhor.

A segurança é um desejo que deve ser obtido através de disciplina, pois devemos colocar em cheque nosso ser, sempre analisando nossas próprias características para , assim, alcançarmos a verdadeira segurança, ou segurança benéfica (afinal, assegurar um ego inflado é o mesmo alimentar um inimigo jurado em sua própria casa).

Em suma, sempre almejamos uma situação confortável e confiável para se evitar tensões, mas algumas tensões são necessárias para se evitar que algumas outras tensões se transformem em danos futuramente e, portanto, temos de ser disciplinados, racionais, sempre sopesando o conhecimento que adquirimos e, por fim, observarmos mais o que ocorre a nossa volta e com nós mesmos justamente para evitar as feridas que podem resultar de nossas ações.
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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Desejo

"Os homens são mais conduzidos pelo desejo cego do que pela razão." - Baruch Espinoza


Qual o seu desejo para sua vida? Ter uma casa própria enquanto casado e ter filhos?Viajar pelo mundo? Nenhum dos dois? Ser feliz?

Todos temos desejos para nossas vidas e nos planejamos para tanto. Algumas pessoas são mais "pé no chão", ou  racionais, que outras, mas o desejo ainda existe e nos move adiante.

Já provoquei nos posts anteriores a dúvida sobre a autoria dos seus pensamentos e desejos, se eles foram colocados em você ou se surgiram de seu próprio ser. Pois bem, isso também se aplica aos seus desejos claramente e se formos francos com nós mesmo chegaremos à três "raízes" dos nossos desejos:

"Segurança, Carinho e Maturidade"

Todos os nossos desejos para nossa vida acabam por começar nestes três pontos como, por exemplo, a segurança à qual não é apenas no sentido de nossa segurança física (evitar de ser assaltado de forma violenta, por exemplo), mas sim de estabilidade por exemplo (não correr risco de ser demitido ou não correr o risco de ser rejeitado em um relacionamento).

Nos movemos por nossos desejos, pois a motivação por detrás de nossas ações é justamente a matelização desses desejos.

Porém, muitas vezes submergimos nesses desejos tão profundamente que nos cegamos e perdemos o rumo. Acabamos por nos dopar com esses desejos, nos iludindo com a possibilidade da felicidade caso consigamos satisfazer essas ambições.

Como dito em outros posts, precisamos ser mais racionais e questionar, também, a autoria desses desejos e o benefício real que eles tem em nossas vidas.

Nos próximos posts irei me aprofundar nessas três "raízes" explicando o que, na minha visão, elas são e modo pelo qual podemos lidar com elas.





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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Novas Gerações e a Interação com o Trabalho

"Se o bicho-da-seda fiasse para manter a sua existência de lagarta, seria então um autêntico operário assalariado." - Karl Marx


Vejo que ultimamente temos muitos textos na internet citando as novas gerações Y e Z como "desafios às empresas" no modo de como lidar com essas pessoas que se inserem no mercado a cada dia, fazendo com que muitas empresas contratem serviços de coaching para que chefes, líderes e congêneres saibam como lidar com essas pessoas.

A suposta "rebeldia" dessas gerações vem, segundo vários destes textos e dentre outras coisas, principalmente de sua interação com a tecnologia e o amplo acesso às informações trazidas pela internet.

Claro, informações sem senso crítico para analisá-las assemelha-se à um livro carregado de conhecimento, mas todo picotado. Não há como se aproveitar do que se lê se o leitor não entende ou sequer se dispõe à entender o que lê.

Vamos começar do básico da autocrítica? Pense no seu trabalho (passado, presente ou futuro, não importa), você passa, no mínimo, oito horas por dia (padrão brasileiro) trabalhando cinco ou seis dias por semana para quê? Pelo trabalho em si ou pelo pagamento, fruto da venda da sua força de trabalho?

Pense bem sobre isso, seja honesto consigo. Já consigo ouvir alguém dizer - "Eu tenho prazer em trabalhar, me enobrece!" - muito bom para você, você tem um trabalho que te satisfaz e cujos frutos lhe proporcionam uma boa vida, satisfazendo suas necessidades fisiológicas, psicológicas e sociais, mas tenho que lhe dizer, se você parar para ouvir todo o resto das pessoas, sem fazer juízo de valor dos valores que citei no meu post "Vontade", as pessoas ao seu redor comentam as seguintes frases - "Não estou satisfeito com meu trabalho", "Me sinto cansado", "Finalmente sexta-feira!" e por aí vai.

Ouvindo todas essas pessoas, eu te pergunto - "O que você acha? A maioria das pessoas que o cerca devem procurar outro emprego?" e eu tenho certeza que ouvirei um "sim" e, então, lhe pergunto outra coisa - "Onde? Em qual lugar todas essas pessoas podem encontrar um emprego que lhes proporcione essa satisfação, de ver e saborear o fruto do seu trabalho de forma que seu próprio trabalho esteja integrado à suas vidas e não alheia à ela onde se torna o centro de sua vida?"

Pense, trabalhamos oito horas, nos restam dezesseis horas, retiram-se mais oito de um sono saudável, restam oito horas, subtrai-se mais uma hora de transito, restando apenas sete ao dia para o lazer e outras atividades como comer ou banhar-se, isso sem contar uma média de quatro horas dedicadas ao estudo voltado ao trabalho ou para cumprir requisitos para se obter outro emprego, o que deixaria a pessoa com apenas três horas restantes para as atividades citadas por dia. Pode-se argumentar que existem os finais de semana, o que nos deixaria com 32 horas, ou 16 para quem trabalha sábado, dedicados às atividades.

Façamos as contas então? Um jovem que está frequentando uma faculdade enquanto trabalha, tem cerca de 47 horas semanais dedicadas às seu lazer e outras atividades, arredondamos à dois dias para facilitar. Veja agora, ele tem dois dias dedicados à sua vida por semana, tendo por volta de oito dias por mês sendo que todo o resto é dedicado ao seu emprego, a manutenção ou garantia de outra profissão.

A vida desse jovem e do grupo cada vez mais crescente à que ele representa gira em torno de seu emprego, se esforçando durante cinco para viver dois dias por semana e ainda se "impõe" um "valor" social de que esse jovem devia ser "grato" por essa "oportunidade".

Essas gerações, de forma "instintiva", por assim dizer, começam a questionar esse paradigma, essa condição imposta, mas de forma diversa, uns querem a realização do trabalho, de geração de resultados com a "personalização" do trabalho e maior carga decisória na empresa (estereótipo da geração Y), outros querem a flexibilização da dinâmica do emprego preferindo apresentar os resultados esperados, mas sem abrir mão da vida pessoal (geração Z).

Porém, pela exigência social pela eficiência no emprego (exigindo toda essa dedicação da vida da pessoa para o emprego), resta pouco tempo para esses jovens se aprofundarem nas críticas, nos argumentos, nas suas lutas por um emprego melhor e exercício do trabalho que chegue perto do ideal.

E essa falta de profundidade para aprofundamento da crítica os deixam vulneráveis à exploração destas mesmas idéias, afinal o que a empresa quer é lucro e ela tem de se inovar caso a mão de obra disponível mude. E o que vemos hoje em dia? Empresas que flexibilizam as horas de trabalho, mas que impõem prazos curtíssimos para apresentação de projetos ou outros resultados, não pagando horas extras e usando-se de distrações como pizzas nas noites em claro de trabalho, além de noites em claro para "agradar clientes" por redes sociais. Colocando em miúdos, o jovem vende uma parte de sua força de trabalho por um contrato, mas o que é tomando pela empresa é o dobro, triplo ou até mais.

Em suma, estas novas gerações nasceram com a "revolta" no lugar certo, mas já foram conduzidas à exploração destas vontades por quem tem avidez pelo lucro. Essas novas gerações se encontram, como todas as outras, no antigo estelionato da força de trabalho.

Então pense. Pense no seu trabalho, se pergunte se você vive para trabalhar ou trabalha para viver, pois não há dúvida de que o trabalho é parte essencial de nossas vidas. Tenha consciência das opções que você tem ao escolher entre empregos (venda da mão de obra à terceiros), pois as opções de empregos que proporcionam a realização do empregado são escassas e, muitas vezes, senão a maioria, não temos opção além daquela da se vender à esse estelionato.

Mas caso não haja opção, que seja pelo menos consciente e assim possamos, algum dia finalmente, virar esse jogo.

Abraços!


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sábado, 13 de fevereiro de 2016

Vontade

"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos" - Karl Marx
Seu ser, como você é e como vive. A palavra final sobre suas decisões, o sim ou não, são suas, mas isto se torna uma ilusão sobre o resultado de suas "escolhas".

Reflita sobre as decisões que tomou em sua vida, reflita nos motivos dessas decisões, no porquê do sim ou do não.

Sempre temos motivos para escolher o caminho que seguimos em nossas vidas, assim como temos motivos para nos comportarmos de tal maneira. Temos motivos até para nossa visão do mundo.

Mas é em uma reflexão um pouco mais profunda que chegamos às origens de nossas motivações. Usarei o exemplo das amizades entre pessoas do sexo oposto.

Já nos deparamos no dia-a-dia nas seguintes frases - " homem só tem amizade com mulher por interesse" ou "não dá pra ter uma amizade de homem e mulher porque ele quer é levar ela pra cama" - e nesse momento eu pergunto - "Por que?";" Quem disso que eu não posso simplesmente ter uma amizade com quem quero bem?"

Meu pensamento sobre isso vem da minha reflexão sobre os motivos que nos levam a tomar as decisões de nossas vidas e sobre nossa consciência sobre elas. Afinal de contas, tomamos certas decisões por conta própria sob nossa total responsabilidade ou porque "estamos no automático", e se caso estejamos no automático de onde vem essa motivação?

Ouso dizer que a muitas, senão a maior parte, das escolhas são feitas "inconscientemente", ou "automaticamente", e as "regras do automático" vem de uma ideia da sociedade que nos foi dada enquanto éramos criados por nossos pais. Afinal pense no exemplo que citei - "Por que não pode existir amizade pura, sem interesse sexual, entre pessoas do sexo oposto?O homem seria um animal sem controle da própria racionalidade à ponto de não conseguir ter uma relação amistosa com uma mulher e eu sou uma exceção à regra por não sentir um desejo tão grande que me cegue?"

E aqui eu chego no ponto que queria, temos sim a capacidade racional à ponto dos desejos não influenciarem de modo nocivo ao nosso julgamento, mas nos é "imposto" socialmente vários tipos de pensamento que vão justamente dessa concepção torpe de amizade entre pessoas do sexo oposto à má fama de mulheres sexualmente ativas.São motivações irracionais e esdruxulas que no fundo se resumem no "porque sim". Não há motivação racional; pode ser qualquer outra coisa, seja para fundamentar exercício de poder numa sociedade ou simplesmente por capricho.

E eis que chegamos à importância da reflexão, pois é nesse ponto que nós podemos nos livrar dessa carga, seja do exemplo dado da amizade, seja de qualquer outra coisa como o tipo de vida que almejamos ou até nossos sonhos.

Temos que refletir sobre nós mesmos, sobre nossa vontade para assim torna-la puramente nossa, livre de irracionalidades "de fora".

Através dessa reflexão nos tornamos livres.











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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A Caverna

"O conhecimento é em si mesmo um poder" - Francis Bacon
A Alegoria da Caverna que Platão no livro A Republica (ao qual recomendo muito a leitura), explica muito bem a dificuldade de quem decidiu questionar, entender e estudar a sociedade, seja ela como um todo ou temas em específico que aparecem na mídia ou no nosso cotidiano.

A alegoria é proposta por Sócrates à Glauco e conta sobre pessoas acorrentadas no fundo de uma caverna onde só conseguem ver sombras projetadas por estátuas à frente de uma fogueira. A realidade dessas pessoas, sua visão de mundo, se resume à estas sombras, até que uma destas pessoas é levada para fora da caverna e, após sua visão se adaptar à luz do lado de fora, conhece o mundo externo e as "verdades", incluindo a ilusão da fogueira e, por consequência, a ilusão de dentro da caverna.

O sujeito, então, volta à caverna para contar à seus companheiros de caverna sobre o mundo lá fora e o quão ilusórias são as sombras projetadas. Tudo para ser ridicularizado, e até ter sua vida ameaçada, pelos antigos companheiros da caverna.

Esta alegoria, com as devidas adaptações, ainda é muito bem aplicável à nossa atualidade. Afinal, basta dar uma volta nas redes sociais e até comentários de notícias e posts (até mesmo aqui um dia desses haha) para ver o emprego das palavras "academicismo" ou "academicista" usados de forma crítica e, muitas vezes, pejorativamente.

Você pode perguntar - "Estudar agora é errado?Desde quando?" -  bem meu caro, errado não é e nunca vai ser, proibido já o foi (por muitas vezes e ouso dizer que ainda o será várias vezes no futuro), mas não é errado. O estudo é sim reprovado por muitos que não estudam, talvez por preguiça somada o sentimento de obrigação social que os deixam desconfortáveis pela sua inércia(é um conjunto de fatores ,eu sei, mas deixo mina cutucada aqui haha) e essa reprovação não é nova, afinal vocês podem lembrar do termo "nerd" aplicado pejorativamente não?

Ouso dizer que o "academicista" é o novo "nerd", é aplicado à pessoa que almeja estar fora da caverna, que quebrou alguma correntes e já se desvencilhou de algumas ilusões e que tenta guiar outros à pisarem nos caminhos que já trilhou enquanto recebe ajuda de outros que já trilharam uma boa parte do caminho à saída da caverna.

Boa parte dos que trilham esse caminho, escolhem muitas vezes calar-se pelo medo natural de errar e os que escolhem ajudar o próximo, o fazem reconhecendo a condição natural do erro e que a invalidação de uma ideia não, necessariamente, significa a invalidação de toda sua sabedoria.

Consigo ouvir, também, a seguinte afirmação - "Mas academicista é a pessoa que só se atém ao estudo, que fica idealizando situações inúteis e não tem nenhuma ação!" - Ora, estudar e repassar os frutos de seus estudos não é ação suficiente? Não acha que estudar temas de grande profundidade não fazem com que a pessoa fique, por vezes, exausta e imprestável para a agir?Para se por na "linha de frente"?

A cada dia que passa os temas, os problemas, se tornam mais complexos e, assim, exigem soluções igualmente complexas, alternativas complexas que exigem um esforço acadêmico cada vez mais complexo. Tornam-se cada vez mais comuns os avanços teóricos e práticos realizados por equipes, por grupos de estudiosos e não mais por cientistas singulares, por "gênios".

Assim, não se torna razoável a exigência de "ação" contundente para quem estuda com afinco um tal tema, exigir isto é ignorar a socialização dos frutos do estudo como ação de mudança da sociedade. Logicamente que só o ato de compartilhar os frutos não é suficiente para uma transformação social significativa, ela depende sim de outras ações associadas para surtir um efeito desejado.

Mas reflita no resultado de chamar uma pessoa que estuda com afinco um tema de "academicista" justamente com essa carga crítica e, também, pejorativa. Ela irá agir mais? Ou isso apenas irá cutucar seu ego deixando-a na defensiva e, por vezes, até fazendo-a se calar evitando a socialização dos frutos de seu estudo?

Antes da crítica, temos que analisar os efeitos da mesma, muitos que já estudaram muito voltam aos estudos por causa da crítica e outros muitos (a maioria ouso dizer) que começaram os estudos, desistem de estudar por causa de "criticas". Não estou dizendo que não se deve fazer críticas, mas sim da obvia diferença da crítica construtiva e da pejorativa (que deveria ser obvia, mas que pelo numero de criticas pejorativas que encontramos não parece).

Assim devemos nos policiar em nossas críticas, pois a escalada em direção à saída é árdua e todos nós somos prejudicados à cada pessoa que desiste.


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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Cavalheirismo ou gentileza?


Fonte: Palestra Preconceito e Sala de Aula por Leandro Karnal - Canal Saber Filosófico no Youtube


Sempre me questionei sobre cavalheirismo, fui criado com esses valores, mas eu sempre fui desligado e esquecia disso e hoje me deparo com esse vídeo que me faz relembrar do que já passei e o que me foi "exigido".

Particularmente, o cavalheirismo como obrigação para com a mulher pode e deve ser visto justamente da forma como o professor explanou, como subestimação, um ato que coloca a mulher como sexo frágil, e não preciso salientar que ser subestimado e posto como frágil é ofensivo, não é?

Eis, então que surge a pergunta - "Mas quando eu pratico o cavalherismo por opção, por que eu realmente quero ser gentil?" - isso depende, você dá seu casaco para qualquer amigo que está passando frio? Cede lugar para qualquer outra pessoa que parece mais fisicamente cansada? Enfim, você tem todas essas ações "cavalheiras" para com seus amigos pelo independentemente do gênero, mas sim pelo fato de serem amigos? Se a resposta é sim, você não seria um cavalheiro, seria apenas uma pessoa generosa e gentil (o que, para mim, é muito melhor do que ser cavalheiro) que realiza ações altruístas pelo sentimento de camaradagem.

Já ouvi alguns falando - "Ah! Mas ja saí com mulheres que acharam ruim que eu não paguei ou pedi para rachar a conta" - e eu digo "E?" - primeiramente, o dito machismo não é exclusividade masculina e o não rachar ou pelo menos pedir para rachar deve ser considerada como falta de consideração (levando-se em conta o clichê chulo "você que é o homem, você que paga"), mas o ato em si como esse não valida ações subestimadoras para com outras mulheres.

"Ah! Mas ela não falou nada por que não tem dinheiro" - E? Em primeiro lugar ela errou em não falar previamente (o que, também, é uma falta de consideração), em segundo, lembre do binarismo que já citei, isso inclui (muito bem) a generalização. A falta de condições é personalíssima, ou seja, exclusiva de cada pessoa o que, por tanto, é uma falta que a pessoa comete e tem o mesmo valor faltoso se a situação fosse invertida (homem não tem o dinheiro e a mulher paga). Nesse caso ele não está pagando por sua condição de homem, está pagando por que é o único dos dois que pode pagar.

"Então quem deve pagar é ela, ela que está me acusando de machismo, então ela que pague!" - Errou feio, errou rude... Qual seria o racional no caso? Se os dois podem rachar a conta, por que não rachar? Ficaria mais barato para os dois! Por que não trata-la como igual quando não se conhece direito ou sabe que ela não gosta? É mais fácil e deixaria a relação mais leve!

A crítica ao cavalheirismo se concentra na sua origem e por seu motivo, se faz gestos "cavalheiros" por assumir a fragilidade da pessoa destinatária devido à uma condição que não a torna fragil, em outras palavras, se faz por uma falsa fragilidade que surgiu como instrumento de domínio.

Assumir papéis baseados em subestimação ou superestimação significa tolher a livre escolha da pessoa, seja ela homem ou mulher e excluir o papel da racionalidade e dos sentimentos nas escolhas pessoais.

Por fim, o que diferencia o cavalherismo da gentileza é justamente sua origem, o cavalherismo surge da subestimação, da separação baseada e uma fragilidade fictícia, enquanto a gentileza surge do amor ao próximo, da igualdade e do desejo de bem estar do próximo.

Ninguém deve necessitar de outro motivo para ser gentil e generoso além do carinho que sente outro próximo.
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Binarismo

"Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia dos homens possa imaginar" - William Shakespeare

Bem e mal...

Já notaram que crescemos com esses dois conceitos das mais variadas formas, mas não conseguimos definir com conceitos, mas sim com exemplos?

Arrisco dizer que essa simplificação do mundo contamina todos os nossos assuntos do dia a dia sem que notássemos.Incorremos nestes erros e continuamos errando devido à muitas outras coisas, como o ego citado no post anterior.

Se pararmos para observar mais, veremos que muitas pessoas adotam o binarismo no dia a dia, seja de forma mais radical (ex.: Se você não vota em candidato x, você apoia y que tudo bandido) até a "menos" radical (ex.: mocinho e bandido no cinema).

Na rotina diária notamos, caso você esteja atento, que todos ao nosso redor incorrem nesses binarismos, alguns mais esdrúxulos para os dias de hoje como "Fulana não casou ainda, vai ficar pra titia" ou "Beltrana muda de namorado toda hora, vai ficar falada" e outros mais sutis como "Ele quer ir num bar sozinho com você? Toma cuidado que ele pode querer fazer alguma coisa". Por causa da nossa rotina e criação, é comum que não notemos essas nuances e, a não ser que sejam muito esdruxulas, não as questionamos.

O binarismo é sim um fenômeno comum, mas que deve ser questionado, afinal que mal tem alguém que em seus 30 ou 40 anos não casou ainda? Achar alguém que combine, que seja um par ideal, com você não é fácil, afinal existem outros detalhes que devem ser acertados de preferencia antes de dar o passo seguinte (como autossatisfação, autocrítica, autoconhecimento um pouco mais elevado). Tanto o é, que já chegamos a ler em jornais e outras mídias que o número de divórcios só aumenta.

Criando um vácuo entre um extremo e outro, perdemos as soluções dos nossos problemas, da verdadeira simplificação da problemática, e quando nos dispomos à ver o leque de opções e questionar as alternativas extremas sendo que temos um leque de outras soluções, somos criticados duramente por alguns defensores desses binarismo.

E essas críticas geralmente não saem de um "se não está comigo, está com eles" e isto, ao meu ver, sai de uma defesa do cômodo, característica inerente à todos nós, tanto física como mental e psicológica.

Sim, temos que admitir que temos preguiça para tudo e essa preguiça nos deixa no automático empregando até o ego para nos colocar numa posição mais confortável.

Mas vou dizer uma coisa... A partir do momento que quebramos essa barreira cômoda e "automática" abrimos as portas das salas escuras do nosso ser. Passamos a questionar tudo e todos mesmo que inconscientemente,  passamos à ouvir mais e falar menos, passamos à ter mais um tipo de foma além daquela do nosso corpo.

Faça essa experiência, pense e questione pra si dentro de si, questione você mesmo e depois passe a questionar os outros, procure por quem também questiona e questionou, veja o que eles encontraram como respostas.

Passe à procurar e me diga o que achou.

Abraços!







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domingo, 7 de fevereiro de 2016

Ego

"Quanto maior o conhecimento, menor o ego,
quanto maior o ego, menor o conhecimento" - Albert Eistein
À muito eu perdi as contas de quantas vezes me encontrei em debates, discussões e até mesmo conversas em que me perdi em meu ego. Naquelas horas, não me importava com a verdade, com o plausível, mas sim em "ganhar" a discussão.

Sem dúvida isso era consequência da minha ignorância incentivada pelo ego e este mesmo ego mantém muitas pessoas distantes da lógica, do racional.

Vamos lembrar de 2013? Houve a manifestação pelo aumento da tarifa do transporte público que, conforme uma breve passagem de tempo, evoluiu para uma manifestação de "revolta" contra o que e "estava errado" no nosso país.

Ao mesmo tempo, pude perceber o aumento da consciência política do povo, pois não mais estávamos na inércia, estamos mais ativos. E então entra o ego, pois nas discussões acaloradas nas redes sociais, nota-se que esse povo que despertou um interesse maior sobre política, em vez de estudar, sopesar os estudos e tentar entender o panorama, deixam seus egos inflarem de modo à tratar política do mesmo modo que se trata futebol neste país.

Assim, em vez de criticarem ações, criticam "times", "cores","legendas". As discussões se inflamam como se fossem discussões sobre um clássico Corinthians e Palmeiras ou FlaFlu, e a racionalidade e estudo acabam ficando  em segundo plano, ou até pior, condenados como "academicista" (aplicado como forma pejorativa, da mesma forma que o "nerd" de antigamente).

Essas discussões repletas de ego e vazias do racional, do verossímil, do plausível deixam de lado o jogo de poder, justamente o que os "colarinhos brancos" e "políticos profissionais" almejam.

Em outras palavras, enquanto o ego manda discutir qual partido é o "mais mau", essas verdadeiras "corporações" políticas vendem leis, votos, obras e até nós mesmos, para quem paga mais.

Sem dúvida que em 2013 demos sim um passo à frente, mas esse avanço da consciência política parou na "futebolização" política, no status onde a o ego reina e nos deixa a deriva no mar da duvida ao definir o discurso do interlocutor como ignorante apaixonado ou estelionatário intelectual.

E qual seria meu "pitaco" nisto? Temos que estudar, temos que entender como se "joga o jogo", temos que ter consciência do que somos e o que podemos fazer sem querer dar passos maiores que nossas pernas. Temos que ler mais, observar mais e falar menos do que falamos hoje. Temos que frear nossas paixões e observar mais, temos que ter mais medo de errar.

Por fim - "e seu ego?" - você pode perguntar, bem passei por alguns momentos ruins. Ruins o suficiente para questionar a validade dos meus atos e me permitir chegar à fonte desses problemas. O ego cega e não nos enebria, e nisto perdemos coisas importantes, momentos, prazeres, amigos e podemos deixar até nossa sociedade, nossa casa, à míngua.

O ego pode ter sua importância, mas não à ponto de se abandonar a racionalidade.






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O Pensamento e o Intuito do Blog

Criei este blog como um registro das minhas várias experiências da minha vida e, também, meus pensamentos sobre os assuntos em voga nas notícias e redes sociais.
Apenas espero expor meus pensamentos e posições aqui, sendo que deixo os eventuais conflitos de idéias para discussões dentro dos círculos de amigos de vocês.
Espero que apreciem meus "pitacos" sobre as "coisas da vida". 

Paz e breja para todos! E vamo que vamo!
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