segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Cavalheirismo ou gentileza?


Fonte: Palestra Preconceito e Sala de Aula por Leandro Karnal - Canal Saber Filosófico no Youtube


Sempre me questionei sobre cavalheirismo, fui criado com esses valores, mas eu sempre fui desligado e esquecia disso e hoje me deparo com esse vídeo que me faz relembrar do que já passei e o que me foi "exigido".

Particularmente, o cavalheirismo como obrigação para com a mulher pode e deve ser visto justamente da forma como o professor explanou, como subestimação, um ato que coloca a mulher como sexo frágil, e não preciso salientar que ser subestimado e posto como frágil é ofensivo, não é?

Eis, então que surge a pergunta - "Mas quando eu pratico o cavalherismo por opção, por que eu realmente quero ser gentil?" - isso depende, você dá seu casaco para qualquer amigo que está passando frio? Cede lugar para qualquer outra pessoa que parece mais fisicamente cansada? Enfim, você tem todas essas ações "cavalheiras" para com seus amigos pelo independentemente do gênero, mas sim pelo fato de serem amigos? Se a resposta é sim, você não seria um cavalheiro, seria apenas uma pessoa generosa e gentil (o que, para mim, é muito melhor do que ser cavalheiro) que realiza ações altruístas pelo sentimento de camaradagem.

Já ouvi alguns falando - "Ah! Mas ja saí com mulheres que acharam ruim que eu não paguei ou pedi para rachar a conta" - e eu digo "E?" - primeiramente, o dito machismo não é exclusividade masculina e o não rachar ou pelo menos pedir para rachar deve ser considerada como falta de consideração (levando-se em conta o clichê chulo "você que é o homem, você que paga"), mas o ato em si como esse não valida ações subestimadoras para com outras mulheres.

"Ah! Mas ela não falou nada por que não tem dinheiro" - E? Em primeiro lugar ela errou em não falar previamente (o que, também, é uma falta de consideração), em segundo, lembre do binarismo que já citei, isso inclui (muito bem) a generalização. A falta de condições é personalíssima, ou seja, exclusiva de cada pessoa o que, por tanto, é uma falta que a pessoa comete e tem o mesmo valor faltoso se a situação fosse invertida (homem não tem o dinheiro e a mulher paga). Nesse caso ele não está pagando por sua condição de homem, está pagando por que é o único dos dois que pode pagar.

"Então quem deve pagar é ela, ela que está me acusando de machismo, então ela que pague!" - Errou feio, errou rude... Qual seria o racional no caso? Se os dois podem rachar a conta, por que não rachar? Ficaria mais barato para os dois! Por que não trata-la como igual quando não se conhece direito ou sabe que ela não gosta? É mais fácil e deixaria a relação mais leve!

A crítica ao cavalheirismo se concentra na sua origem e por seu motivo, se faz gestos "cavalheiros" por assumir a fragilidade da pessoa destinatária devido à uma condição que não a torna fragil, em outras palavras, se faz por uma falsa fragilidade que surgiu como instrumento de domínio.

Assumir papéis baseados em subestimação ou superestimação significa tolher a livre escolha da pessoa, seja ela homem ou mulher e excluir o papel da racionalidade e dos sentimentos nas escolhas pessoais.

Por fim, o que diferencia o cavalherismo da gentileza é justamente sua origem, o cavalherismo surge da subestimação, da separação baseada e uma fragilidade fictícia, enquanto a gentileza surge do amor ao próximo, da igualdade e do desejo de bem estar do próximo.

Ninguém deve necessitar de outro motivo para ser gentil e generoso além do carinho que sente outro próximo.

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